Fez-me pensar na passagem em que Jesus diz:
"Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto." - João 12:24
Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
para receber daquilo que aumenta o coração.
Mafalda Veiga
4 comentários:
gostei do
"a vida não é dia sim, dia não"
...
beijos,
alê
Morte e vida, um grande mistério. Nós ocidentais, abalamo-nos muito com a morte. Mas ela é necessária. Dói só de pensar.
Uma canção para reflectir...
Acompanho-te nesta homenagem.
beijo e um lindo domingo!
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