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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O Senhor da tempestade

Fez ontem 3 meses que o Artur fez a cirurgia de remoção de um tumor cerebral.
O tempo é uma coisa estranha mesmo. Tem alturas que me parecem 3 anos; outras, 3 dias.
No dia da cirurgia, Deus enviou uma amiga-irmã, um anjo em forma humana, para cuidar de mim.
Nem dei pelas horas da cirurgia, pois Deus escolheu a pessoa certa para estar comigo nesse dia.
Ele conhece cada um de nós de forma maravilhosa! 
Eu tinha pensado estar sozinha durante essas horas, mas Deus teve outros planos e sem dúvida, que foi o melhor para mim!
Desde a primeira vez que o tumor foi diagnosticado, que fui tomada por diferentes emoções. 
Apesar da minha fé e confiança em Deus, isto era algo para o qual não estava preparada para enfrentar. Quem está?
Ter o estigma do cancro na pessoa que amamos, é uma prova bem grande à nossa fé.
No entanto, apesar de toda a dor, sofrimento e aflição que este último ano foi, não deixaria de passar por tudo isso. Não estou a afirmar que gosto do sofrimento. Ninguém no seu perfeito juízo, pode dizer que gosta. 
Até posso afirmar que preferia ser eu a passar por isso, do que alguém que amo. Ver aqueles que amamos a passar por sofrimento, creio eu, que é mais doloroso.
Mas a verdade, é que foi um ano em que para além de aprender a esperar e a confiar em Deus,  conhecê-Lo mais profundamente, depender Dele em tudo, tem sido também um tempo para Deus revelar e moldar áreas em mim onde precisava de mudança e transformação. E são tantas! Tantas!
Tenho sido mesmo como o barro nas mãos do oleiro!
E quem melhor do que o oleiro, para saber que voltas dar ao barro amolecido, para fazer dele a peça que ele tem em mente?
Se é fácil para mim estar consciente da presença de Deus num nascer ou pôr do sol, no milagre da vida no nascimento de uma nova vida, ou mesmo em coisas banais do dia a dia, como quando conduzo, no trabalho, a limpar a casa, ter essa mesma consciência na dor e sofrimento, é algo absolutamente indispensável! E é assim que a fé cresce: não por acaso, mas por escolha. Não é fácil e até é anti-natureza humana. Mas é isso que Deus nos ensina e pede para fazermos.
Ter uma percepção, um apego voluntário à presença de Deus, sempre! 
Foi isso que Jesus quis dizer, quando afirmou que estaria connosco, todos os dias, até ao fim dos tempos!
E Ele está sim! Mesmo que os meus olhos físicos não O possam ver, que as minhas mãos não possam tocar na Sua pele ou os meus ouvidos não ouçam a Sua voz audível. 
Que outra explicação eu teria, para que pudesse experimentar uma paz tão grande, no meio da tempestade? É Ele quem está ali, no barco, comigo! Connosco!
Depois da cirurgia, veio umas semanas depois o resultado da biópsia, feita por duas vezes, porque acharam melhor para confirmar: a massa tumoral não era maligna! Melhor ainda, tão pouco era cancerígena!!
Chorei de tanta alegria! Mais uma vez, foi Graça! Porque Deus nos deu essa benção, não sei. Não o merecíamos, mas Ele foi gracioso! Ele é Bom, sempre! Mesmo que as coisas não corram como gostaríamos ou esperávamos! Eu só sei que Ele é bom em todo o tempo.
Temos mais mares tempestuosos por atravessar. Não sei o que nos aguarda à frente.
Mas pelo que aprendi e tenho aprendido, não tenho que temer, porque não atravesso a tempestade no barco sozinha. Ele está no barco comigo! E até vai a dormir, imaginem! Deus no barco comigo, a dormir! E isso é descanso para mim também.
Porque apesar de estar a dormir no barco, Ele é o Senhor da tempestade e à Sua voz, ela pára!

“Estou sempre ciente da presença do Senhor; ele está perto e nada pode me abalar. ”- Salmo 16: 8






1 comentário:

Diogo Barros disse...

Adorei tanto ler !!! Adoro tanto a sua fé ...
E é bom ser-lhe grato em tudo ...

Considero-me muito fiel a Deus. Sempre soube da existência dele, mas só o comecei a sentir no meu dia-a-dia há meses, talvez ...

Tudo a correr pelo melhor, um beijinho do outro lado do ecrã e um feliz dia da independência portuguesa.

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