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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Desejo de eternidade

Não sei se por me estar a aproximar do meio século de idade, ultimamente dou por mim a fazer retrospectivas.
Umas vezes com alguma nostalgia, outras com um sorriso, mas experimentando um sentimento bom.
Percebo que o nosso passado é importante, para nos ensinar e direccionar ao futuro.
No entanto, não vivo dele, mas procuro aprender com ele para me ajudar a perceber na pessoa que aos poucos me vou tornando.

Uma das coisas que tenho pensado muito, é na minha busca espiritual e em como ela fez sempre parte de mim.
Talvez por viver no campo ..  ou não ...  talvez por ser algo que tenha sido colocado dentro do meu coração por Deus (pois é Ele quem coloca o desejo da eternidade dentro de nós), mas passava longos períodos fazendo muitas perguntas sobre a vida e a morte.

Recordo-me que a primeira vez que a morte me fez acordar para uma realidade brutal, foi com a perda da minha avó materna.
Lembro-me de me sentar na escadaria da casa onde morava, a pensar no que aquilo significava. Tinha uma cabeça de veado pendurada na parede, no cimo dessa escadaria, cujo olhar me seguia por todo o lado e passei a detestar essa cabeça, por me fazer recordar desse tempo. À noite, não conseguia dormir, só de pensar que nunca, nunca, nunca, nunca mais iria voltar a ver a minha avó.
E quando percebi que um dia isso iria suceder comigo também e com todos os que eu gostava, chorei a noite inteira.
Tinha pouco mais de 7 anos de idade.

Depois, eram os meus animais que morriam.
Olhar para aqueles corpinhos que antes tinham tido tanta vida, e depois, eram como trapos ... deixavam-me num imenso desgosto.
Eu não tinha qualquer conhecimento religioso, senão o tradicional. Ouvia falar em Deus, no tal menino Jesus que nascia em Dezembro e morria na Páscoa, para depois voltar a viver. Mas nada mais que isso.
Mas no meu íntimo, sabia que existia Alguém!
Perguntava-Lhe, na minha inocência infantil, porque Ele tinha criado tanta coisa bonita e nos tinha dado vida, para nos deixar morrer?! Não fazia sentido para mim, aquilo.
E fui crescendo, sempre em busca de algo ou alguma coisa que me trouxesse alguma resposta e paz ao meu coração angustiado.

Na minha pré-adolescência,  como não havia internet´s e a televisão era muito limitada, gostava de passar a noite à janela do meu quarto, olhando para o céu cheio de estrelas (no campo a beleza do céu é fenomenal), a escutar o programa de rádio "Quando o telefone toca".  Xiiiii...! 
E enquanto ouvia as minhas canções favoritas, olhava para o céu, ficando maravilhada com tanta beleza e pensando na Pessoa que tinha criado tudo aquilo.

Depois, veio aquela fase dos Ovnis, em que tudo o que eu via a passar no céu de forma mais estranha, fazia-me logo pensar que era uma nave espacial.
Sonhava que um dia uma dessas naves haveria de me levar numa viagem para o planeta deles e que lá ninguém morreria, ninguém chorava ou sofria e tudo seria para sempre e sempre bom.
À medida que crescia e passava por todas as fases da adolescência e juventude, o meu desejo por buscar e encontrar Deus nunca desapareceu.
Lia tudo o que me podia ajudar nessa busca: reencarnação, espiritismo, meditação, karmas, etc. etc.
Nada disso fez clic!
Nunca tinha pegado numa Bíblia, apesar da tradição católica.
Mais tarde, até comecei a ir à missa.
Cumpria um ritual, apenas.
Olhava para todos aqueles santos que me arrepiavam.
A única imagem  que me tocava no coração era a de Jesus, sangrando numa cruz.
Não compreendia o porquê, a razão.
Mas aquilo mexia de algum modo dentro de mim.

Recordo-me da época da Páscoa, quando não haviam ainda coelhinhos e ovos.
Daqueles dizeres do povo. Havia um, sobre a Sexta Feira Santa, em que diziam que na hora em que Jesus teria morrido, o tempo parava, mas que ninguém daria por isso. E quem desse por isso, teria uma visão do paraíso.
E eu, durante vários anos, em cada Sexta Feira Santa, ficava muito atenta, para ver se dava pelo tempo parar e ter essa visão.

Mais velha e já namorando o meu marido, eu costumava confidenciar-lhe que não me sentia como que pertencendo a este mundo. Que achava que era de outro lugar! Ele brincava comigo, dizendo que era verdade, pois eu era uma extra-terrestre! 
Muitas vezes ele também brincava comigo, pois com a minha mania de ajudar os mais fracos e de ser uma miúda pacata e que não gostava de conflitos, que eu mais parecia a Madre Teresa de Calcutá . E quando era alvo de algo injusto, sem ripostar, muitas vezes ele dizia-me se eu achava que era a versão feminina de Jesus Cristo para suportar determinadas coisas.

São coisas que eu olho para trás e vejo como cada uma delas me conduziu até hoje e ao Caminho que me conduziu a Deus.
Foram como peças de um puzzle que se foram encaixando através das pessoas, circunstâncias e escolhas que me foram colocadas dia a dia.
Quando então, certa vez, comecei a ler um Novo Testamento que me foi oferecido,  comecei por encontrar muitas das respostas às questões que eu colocava.
Foi quando percebi a razão daquela imagem que me tocava tanto e que não percebia o porquê.
Entendi porque tinha aquele sentimento de não pertencer a este mundo. 
Deus mostrava-me naquele livro, parte das coisas que Ele revelou a cada ser humano. Como Ele nos criou, o que nos afastou Dele e como Ele tem um plano e um futuro eterno para nós.
Foi ali, aos pés daquela Cruz que tanto me comovia, que me entreguei a esse Deus que tanto busquei, procurei e encontrei.
Encontrei-O a Ele e encontrei-me a mim.
O meu desejo por eternidade foi plenamente satisfeito!
E  gosto de olhar assim, para o meu passado, pois através dele, eu encaro o meu futuro com esperança, sabendo que já não sou a pessoa que era e que ainda não sou a pessoa que deveria ser, mas que sou uma nova criatura, nascida de novo pelo Espírito de Deus, pois a vida perfeita de Jesus habita em mim.
E ele veio para nos dar Vida ... e Vida em abundância!



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