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terça-feira, 5 de abril de 2011

Do Baú

Em criança, tive muitos animais de estimação.
Tinha imenso espaço que me possibilitava ter imensa bicharada.
Desde criança, que o meu sonho era albergar todos os animais abandonados que encontrava, pois parte-se-me o coração de ver os bichos abandonados.
Por isso, procurei sempre tratar bem os animais que tive e tenho.
Tenho várias histórias que me marcaram, mas há uma que nunca esqueci pelo que me marcou.

Sempre tive preferência pelos gatos.
Talvez pela sua indepêndencia, o seu ar misterioso e fascinante.
Ainda hoje, os gatos são para mim, uma paixão.
No entanto, reconheço que nos cães, encontro muito mais amor incondicional e entrega.
De todos os que tive, recordo-me de uma cadelinha que era uma ternura.
Sempre do meu lado, acompanhava-me a todo o lado.
Era minha companheira, minha cola, minha sombra.
Mas por vezes, chateava-me.
Ela queria lamber-me, saltava para cima de mim, desafiava-me a brincar.
Eu às vezes zangava-me com ela, enxotava-a e ela lá ia embora, com a cauda entre as pernas, triste pela rejeição.
No entanto, bastava eu voltar a chamá-la, que de imediato ela saltava para o meu colo, feliz e sem qualquer amuo.
Um dia, enquanto eu brincava, ela estava de roda de mim, como sempre.
Ora me lambia, ora saltava para cima de mim, enquanto eu tentava brincar.
Às tantas, dou-lhe um berro e mando-a embora.
E ela foi, tristinha da vida.
Continuei a brincar sem pensar mais nela.
Ao final de umas horas estranhei a ausência dela.
Fui à sua procura mas não a encontrava em lugar nenhum.
Então, tocaram ao portão da casa e uma vizinha veio perguntar se por acaso a cadela que tinha sido atropelada seria a nossa.
Eu nunca mais me esqueço da dor que tive.
Dor porque ela tinha morrido.
Dor porque nunca mais voltaria a vê-la, mas muito mais que isso, porque o último momento com ela, ter sido eu a rejeitá-la. Por não ter aproveitado mais o tempo com ela.
A dor de sentir isso, fez-me crescer mais naquele dia.
A falta que eu sentia dela, da sua alegria, do seu amor incondicional, foi imensa.
Daria tudo para a voltar a ter ali do meu lado, dando-me os seus beijos à cão, brincando comigo.
Voltei a ter muitos mais cães, mas nunca me esqueci dela e da lição que aprendi.
Crescer custa e a vida tem muitas lições.
E os animais deram-me muitas.
Esta foi uma delas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eles,os animais, tambem são para mim muito especiais ... É uma dor de alma incomparavável quando apesar de toda a nossa protecçao e cuidado lhes acontece algo que nos transcende e os perdemos; eles depositam em nós toda a sua confiança, vêem-nos como verdadeiros amigos e a sua amizade e dedicação é mais verdadeira que tudo e incondicional.
Tudo o que eu e a minha familia queriamos era que a minha menina não tivesse ficado tao doente como ficou ainda por cima sem se saber a causa ao certo/só existiam hipoteses para explicar o estado dela; e sei que o que ela mais queria era ter vindo connosco para casa, mas nao foi possivel e ela ficou internada alguns dias morrendo no hospital. Isso é o que mais me custa, ela não ter tido a oportunidade de estar em casa rodeada por nós, pelo seu ambiente e as suas coisas. Trouxemo-la depois de morrer, ficou no nosso jardim e de certa forma veio connosco... e sei que ela me/nos acompanha agora e para sempre. Mas creio que nos vamos encontrar um dia, quem sabe....
Já tive vários animais, é um sofrimento atroz quando me vejo impotente para os ajudar apesar de fazer tudo o que esteja ao meu alcance; todos eles me marcaram muito e nunca os esquecerei, mas esta princesa foi a mais recente,já era bastante idosa apesar de nao aparentar, tinha uma vivacidade e uma alegria de viver que levava tudo à frente e ninguém se acreditava na idade dela. Tem sido muito dificil a falta da sua presença e da convivencia. Não passa um único dia sem que ela me venha por diversas vezes ao pensamento. E lamento muito que, mesmo com a consciencia e a certeza de lhe ter dedicado uma grande parte do meu tempo, todos os momentos em que por este ou aquele motivo que às vezes nem eram muito importantes, a tivesse de certa forma posto um pouco "de lado"; se fosse agora não pensava duas vezes...há realmente que saber aquilo que é mesmo importante, muitas vezes o perdemos é vemos como isso era tao importante. o entanto foram mais as vezes em que a pus em primeiro lugar, muitas mais; por isso ela se comportava como a menina da casa e se achava tão importante! E era realmente, e ainda é, ela sabe tenho a certeza...

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