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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Certezas

Desde que adoptei a minha filha, que uma das coisas que de certa forma me afligia, era a reacção dela quando soubesse.
Sempre achei que teria facilidade em lhe contar, até que desde cedo, quando começaram a surgir as primeiras questões, que o meu coração se contraía em procurar dar-lhe uma resposta honesta e de acordo com a idade dela.
Procurei sempre dar-lhe respostas de acordo com a idade e entendimento dela.
Quando pela 1ª. vez me perguntou se ela tinha bebido leite das minhas maminhas, senti um baque forte.
Respondi na altura que não, que tinha bebido leite do biberon, que eu nunca tinha tido leite, sem adiantar muito mais.
Depois, quando surgiu a questão se ela tinha nascido da minha barriga, outro baque.
Eu erguia os meus olhos pra cima e dizia:
- Meu Deus, tão cedo estas questões! Ajuda-me!
Não estava preparada ainda.
E respondia-lhe que ela tinha nascido do desejo do meu coração.
Entendi que a minha filha deveria saber desde sempre a verdade, apesar de algumas pessoas discordarem de mim. Mas percebi que me custava falar-lhe.
Não concordo em andar a mentir durantes anos, para depois sentar a minha filha com 7, 8 ou 9 anos ou mais velha ainda, para lhe dizer que é filha adoptiva.
As crianças gostam e precisam que sejamos verdadeiros com elas, para ganharem confiança nos pais e nelas próprias.
Quero que a minha filha responda que sempre soube que é filha adoptiva.
No entanto, o meu coração de mãe várias vezes se apertava com tudo isto, pelo facto de a amar tanto e recear o que o seu coraçãozinho poderia sentir.

À uns meses atrás, ela falava de um amiguinho seu que tinha nascido nos Açores.
Na continuação da conversa, disse-lhe que ela tinha nascido na Maternidade.
E ela responde:
- Não, mamã, eu nasci do teu coração!
Então, percebi que aquele era o momento para contar tudo com mais detalhe.
Expliquei-lhe com mais pormenor tudo.
De uma maneira informal, enquanto caminhávamos, contei-lhe como as coisas se tinham passado.
Respondi-lhe depois a todas as questões que ela me colocava.
Naquele momento, sentia como se as respostas me surgissem como que sussurradas.
Depois de todas as dúvidas esclarecidas, no fim da nossa conversa ela vira-se para mim e diz-me:

- Mamã, tu és linda! Com o sorriso mais lindo que ela faz!

Então, todos os meus receios ou dúvidas que eu sentia de que a pudesse magoar ou estar errada em ser tão verdadeira com ela, caíram por terra!
As lágrimas soltaram-se, como uma expressão da minha alegria, por me sentir tão abençoada por aquela filha linda que Deus me deu e por tudo aquilo que através dela, eu aprendo.
Tive a certeza de que optei pelo melhor caminho: a verdade, com muito amor!

24 comentários:

Xuinha Foguetão disse...

:)

És linda, Vivi!

Beijos para as duas

morilandia disse...

blogueando por la vida me ha llevado hasta aqui.

un saludo bloguero.

Anna^ disse...

:))))

É uma emoção ler-te.Tão doce,tão linda por dentro e por fora.
E eu sempre achei que devias contar o que o teu coração mandasse. :)

Gosto muito de ti!...de vocês!

beijo grande

Viviana disse...

Que lindo, Vilma!

Como o nosso Deus é bom!

Ou nascida "da barriga" ou nascida "do coração, não importa.

O que importa mesmo é o amor...
e esse ... eu sei que é imenso, que é enorme!

Que deus abençoe "o seu tesouro".
Que Deus a bençoe a si e ao seu marido (que não aonheço)

Que tenha reservado para os três...bençãos sem fim.

com lágrimas,
viviana

Vilma disse...

Viviana: Apesar de ter acontecido há uns meses, sempre que me recordo desse dia, fico com os olhos cheios de lágrimas! :)

Kella disse...

Deus preparou o caminho e tornou a tua tarefa mais fácil!

Avozinha disse...

E que sorte que ela teve e que vocês têm! É uma Vitória para ambos os lados! Abraço!

Alecrim disse...

És linda, mesmo! E fazes-me chorar.

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

:)

João Magalhães disse...

é uma lição muito bonita, obrigado por teres partilhado.

Alberto Fernandes disse...

Belíssimo texto e belíssima atitude!! Beijos

Anónimo disse...

Este post deixou-me boquiaberta.
Deus sabe mesmo tornar os acasos em momentos fantásticos...
Sabes? Trabalho com bebés que hão-de ser adoptados. Desde que te leio nunca desconfiei de nada e agora, de um momento para o outro... que lindo!
Ainda bem que há pessoas asim. Também não acredito que devam viver sem a verdade. Quer os pais quer os filhos. Os filhos porque devem saber a sua realidade. Os pais porque precisam de lidar com a reacção dos filhos e os fantasmas são muitos e demasiado grandes.
E os fantasmas são piores e mais dolorosos.
Beijo forte
Nangba
(www.nangba.blogspot.com)

Maria disse...

É uma situação delicada, mas acho que tu conseguis.te resolve-la pelo melhor...

muitoos bjnhos

vitorferolla disse...

lih o seu post: Confiança - soobre o Salmos 131, gostei mt, meu 1º post no meu blog foi uma oração que eu fiz tirada desse Salmo.

aki: http://amandoaoproximo.blogspot.com/2007/08/orao-no-salmo-131.html


obrigado
fique na Graça

Anónimo disse...

Vilma,
Cheguei aqui por acaso...mas, como não acredito em acaso...rsrsrs
Vim te deixar um carinho enorme!
Me emocionei com teu texto. Pode ter certeza, linda, que muitas outras perguntas virão, e saberás como respondê-las. Nosso Pai te mostrará!
"Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra,dizendo: Este é o caminho, andai por ele.
Isaias 30:21
PS: Também tenho 2 filhos do coração e um da barriga, e tive as mesmas inseguranças que tu.Hoje são todos moços, saudáveis e lindos! N.A.A

Lou H. Mello disse...

"Tive a certeza de que optei pelo melhor caminho: a verdade, com muito amor!"

Concordo, você escolheu o melhor caminho.

Tu abanas mesmo...

Volney Faustini disse...

Preciosa Mana Vilma,

As experiências com os filhos são as mais marcantes e profundas, fazem que fiquemos na pontinha dos pés da dependência d'Ele.

Muito tocante e inspirador o seu compartilhar. Nada, nada, nada supera a fórmula divina de se ter o amor como fonte para nossas respostas.

É muito gostoso e edifica, quando vemos amor e coragem andando juntos.

Fique na paz!

Fá menor disse...

Puxa, Vilma!
Fizeste-me chorar como uma Madalena!
Mas agora sorrio...
Tens um coração tão lindo!
É claro que escolheste o melhor caminho, na altura certa (nada acontece por acaso). Tão bem soubeste aproveitar o momento de o fazer!

Beijinhos nesse coração lindo!

Fa

alealb disse...

uauu...
agiu de modo muito sábio, parabéns!
beijos, querida!
alê

Jorge Oliveira disse...

A única vida que vale a pena viver é a da verdade e da autenticidade.
E que felicidade é para a Toty estar a ser criada por pais tão amorosos e dedicados. Em tudo Deus tem os seus planos maravilhosos.

Abraços
DVA.

Van Dog disse...

:)

Margarida Atheling disse...

Fiquei de lágrimas nos olhos. :)

Fizeste muito bem.
E vocês merecem-se tanto uma à outra! Lindas, as duas! :)

Bjs!!

Cátia disse...

Ola Vilma,

Voltei aqui e li este post. As lagrimas surgiram... Obrigada por ajudar a fazer a diferença neste nosso mundo!

Beijos

rosa disse...

:)

revivi a minha estória nas tuas palavras! eu sou adoptada e a minha mãe contou-me quando eu tinha 9 anos. claro que reagi bem, para mim não fazia diferença de onde tinha nascido, porque aqueles eram os únicos pais que eu conhecia. contudo, existem diferenças entre nós que são provocadas pela herança genética. não nos afastam, mas existem. isso é real e deves estar preparada para, à medida que ela crescer, reconheceres essas diferenças. e não faças como os meus pais, que depois de contarem, deixaram de falar no tema, e eu senti como que um tabu. para além disso, julgo que com medo da minha curiosidade e de onde ela me poderia levar, contaram-me que a minha mãe biológica morreu e nunca me falaram de irmãos. em adulta consultei o meu processo de adopção e fiquei a saber que a minha mãe está viva e tenho 5 irmãos, perdidos não sei onde. não lhes perdoei porque nada havia a perdoar, apenas agiram assim por medo de me perder. mas não o faças com a tua filha. conta-lhe sempre a verdade, tudo o que souberes. se ela quiser conhecer as origens, deixa, porque isso não é mau. é apenas um desejo muito humano, que todos temos. não significa que te ame menos ou que queira sair das tuas saias. e continua a amá-la muito, porque quem adopta, ama muito. felicidades!

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