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terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Os dentes dela...

Está quase a chegar ao fim o sofrimento da minha pequenina. Os dois últimos molares estão quase a rasgar a gengiva e a dentição de leite dela fica completa. Uff!
Faço uff! por ela, claro, porque deve ser terrível a dor que ela sente, que a deixa prostrada, murchinha, carente.
Ainda ontem, depois de a deitar ela voltou a chamar-me e pede-me"miminho": um aconchego no colo, uma canção em tom baixo e ela volta serena para a cama.
Então começo a pensar em nós duas à cerca de um ano atrás e em como tudo era diferente.
Ela entrou na nossa vida já com quase um ano. Passou os primeiros quatro meses no hospital e mais 7 numa casa de acolhimento.
Com certeza que foi tratada com cuidado, carinho, isso eu não duvido. Mas claro, as regras são mais fortes: afinal, são várias as crianças que têm e passam por aquelas paredes e as regras são necessárias. Logo desde pequeninos. E quando ela veio para o nosso lar, era uma maravilha: uma bebé muito disciplinada. Estava habituada a que a deitassem e pronto, ficava, sem ser necessário ficar ao lado dela até adormecer.
Eu, que tinha uma vontade louca de poder dar todo o meu afecto e carinho, por um lado, ficava como que vazia... deitava-a e ela ficava. Frio! Muito frio!
Depois vinham as vozes da experiência: "Ah! Não a estragues. Isso é muito bom." E pronto, um pouco contrariada, assim fazia. Às vezes, depois dela se deixar de dormir, eu pegava nela ao colo e ninava-a e aconchegava-a no meu peito. Noutras ocasiões, quando ela pedia colo quando me via chegar ou muitas vezes numa necessiade de se sentir protegida e segura, vinham outra vez as vozes: "Ah! Não lhe dês colo! Deixa estar!" Por um lado a minha coluna agradecia, mas apertava-se-me o coração. Não dar colo a um ser que não experimentou o cuidado e amor de mãe no seu primeiro ano de vida? Basta! Chega! Não sou nem violenta e nem de arranjar conflitos e deixei o meu coração agir e as vozes falarem.
A minha filha precisava de sentir o amor, o amor de uma mãe, o colinho, o afecto, o miminho. Estragava-a? Não creio. E a demonstração está aí, hoje. Bem diferente de à um ano atrás.
Deito-a, fico ao lado dela, cantamos uma, duas canções. Oro com ela. E depois, se ela pedir (e pede quase sempre), ainda lhe dou "miminho", colinho, o que ela quiser. E ela volta à cama, fica sossegada e serena e adormece sem ser necessário ficar junto dela. Não a estraguei, antes pelo contrário. Ela precisa de sentir segurança e estabilidade no nosso amor por ela.
A cada dia ela entrega-se mais e revela-se uma criança adorável, meiga, carinhosa. E eu fico com o coração a transbordar de lhe dar o colo e o amor que ela quer. Dar amor sem limite e mimo com medida, é o meu lema...
Por isso, apesar de me custar sentir o sofrimento dela com os dentinhos, quanto colo ela quiser e aconchego, eu dou. Até ela se fartar. Quando ela chegar aos 7, 8, 10 anos já não deve querer nada disso.
Mas muitas vezes penso que eu não merecia uma criança como ela. Deus é bom!
Saiu a lotaria a ela, eu sei, mas a mim saiu-me o euro milhões!

4 comentários:

sandra disse...

Nunca foi a minha opinião!! Sempre te disse que tinhas que lhe demonstrar o amor que sentias por ela, fazer as massagens depois do banho, etc...

Margarida Atheling disse...

Se há verdade inquestionável é que o Amor nunca é demais! Mais ainda quando é dado a um ser que não o teve no momento em que era mais frágil.

Obrigada pela visita, e pelo comentário.
Eu já tinha passado por aqui umas quantas vezes, só não tinha calhado deixar um comentário. E também eu gosto muito deste blog. Gosto muito da forma, das palavras, da tranquilidade, da harmonia... mas, mais ainda da história linda que conta! Parabéns por esta lição de vida e de amor!

Anónimo disse...

Colo nunca é demais. Quem tem as teorias, que as pratique com os filhos deles. Com os nossos, sabemos nós o que fazer.

Anónimo disse...

Colo nunca é demais. Quem tem as teorias, que as pratique com os filhos deles. Com os nossos, sabemos nós o que fazer.:)
Ana Rute Cavaco

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