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terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Amigos...

Se há coisas boas da vida, são os amigos. Não me posso queixar, porque tenho alguns bons amigos (inclui o género feminino, claro). A quantidade pode não ser muita, mas a qualidade é excelente.
Hoje foi um daqueles dias, em que pude experimentar o conforto, as palavras e o carinho de uma querida amiga. Ela tem a capacidade de elevar a minha alma. Conhece todos os meus defeitos; aliás, com ela eu aprendi a conhecê-los. As suas palavras duras são terapia. Ela não dá palmadinhas no ombro, se precisamos de um arrepio. Mas dá o ombro quando precisamos de chorar. Amigas assim, são preciosas. São um tesouro a manter. Ela não tem blogue e é pena, porque seria, tenho a certeza, estupendo. Quando tiver, fica desde já aqui registado: serei a sua visita assídua e fã nº.1. Por isso não a linko agora aqui.
Mas é para ela e também outros amigos que Deus de uma forma maravilhosa tem colocado no meu caminho, que eu quero dedicar esta crónica de Vinícius de Moraes.
E um carinho especial pra ti, minha Amiga!
Amigos
(Vinícius de Moraes)
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu oro pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca
vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos,
reconhece-os.

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